sábado, 4 de novembro de 2017

Coreia do Sul, por que não?

2016 e 2017, os anos em que o K-Pop definitivamente explodiu no mundo da música. Abreviação de “Korean Pop” (Pop Coreano), esse gênero musical vem fazendo não só novos fãs dos agora reconhecidos internacionalmente “idols” (ídolos) coreanos, como também apreciadores da própria cultura do país – dos quais me incluo!

De fato, o estilo diferenciado dos artistas, das músicas e dos videoclipes, além dos passos de dança – como costumo dizer, “jamais vistos no Ocidente” – são o ponta pé inicial para gostar do gênero. Mas não me contentei somente com isso: tamanho foi meu interesse, que decidi ir mais longe, e hoje me vejo estudando o idioma coreano.

Tudo começou com a influência de algumas amizades, que estavam nessa bem antes de mim, mas após um tempo, me vi apaixonada pela língua e suas particularidades. É verdade que o conhecimento que já possuo do idioma inglês é essencial para o aprendizado do coreano, fato que se mostra como uma provável problemática que pretendo trazer à tona.

É evidente que o idioma coreano não tem sido um dos mais procurados nos últimos anos. Pra ser sincera, ao começar a pesquisar mais sobre o Oriente, me deparei com algumas realidades que antes me passavam despercebidas: o modo como nossa sociedade muitas vezes ignora ou deixa de valorizar a cultura fantástica dos países no outro lado do globo. Já parou pra pensar na forma como mantemos em nossas mentes os países norte-americanos e europeus como sinônimos de boa moradia, sucesso e uma vida tranquila? E quem nunca ouviu a frase “Ah, asiático é tudo igual!”? Aposto que a maioria de nós nem sequer sabe que não só a China, Japão e Coreia possuem a população formada por indivíduos de “olhos puxados”, mas que isso ocorre também no Vietnã, Mongólia, Tailândia, Malásia, Butão, Taiwan, Singapura, Myanmar e em diversos outros países, com origens e características distintas. E você, sabia disso?

Eu costumava levar na brincadeira, mas hoje vejo o quanto falar sobre isso é lidar com um assunto muito pouco discutido, e o pior, pouquíssimo percebido. Como consequência, esbarramos na lamentável falta de incentivo para programas de intercâmbio para tais países – por parte da mídia, da família e da sociedade como um todo -, deixando escapar oportunidades de sucesso acadêmico e profissional devido ao sistema educacional exemplar, com algumas das melhores universidades do mundo; no difícil acesso ao aprendizado eficaz das línguas, já que praticamente não há material disponível em português, muito menos cursos em escolas de idiomas na região; e em um currículo escolar com raras ou nenhuma abordagem acerca do Oriente nas aulas de História – afinal, como minha própria professora afirma, a História tal qual a conhecemos e estudamos é predominantemente eurocêntrica.

Já se perguntou o que estava acontecendo na China durante a Revolução Francesa, nos anos de 1789? E na Coreia ou em Singapura nos séculos XV e XVI, enquanto os portugueses e espanhóis deram início às Grandes Navegações? Quanto conhecimento, culturas e histórias, em sua maioria adquiridas por povos ao longo de milênios, estamos deixando de aprender?

Quando me dei conta de tudo isso, foi como se meus olhos enxergassem um novo mundo. Ao mesmo tempo que me sinto feliz por despertar para todas essas questões, vejo também que muito ainda precisa ser feito para atingir um maior número de pessoas. Não só interessantes elementos culturais, linguísticos e históricos lhe aguardam, como também novas noções do mundo em que vivemos, garanto a você – e já posso afirmar isso conhecendo somente uma pontinha do iceberg! Em todo caso, espero ter contribuído de alguma forma para a percepção dessa realidade. Se sim, acredito ter minimamente feito minha parte.



(Texto publicado pela autora no jornal Município Brusque, 14/09/2017)